domingo, 16 de setembro de 2012



Bagatelas da quinzena    

                1 A Comissão Europeia deu instruções aos Estados-membros no sentido de valorizarem as aprendizagens informais dos cidadãos, através do reconhecimento de competências, de modo a que as mais diversas experiências profissionais ou de vida possam ser reconhecidas num diploma universitário. Aponta-se mesmo o ano de 2015 como o momento de já estarem a ser reconhecidas com “canudo” universitário as aprendizagens obtidas fora do circuito tradicional académico. Afinal de contas, depois do humor português ter sido engordado com as mais divertidas piadas, a Universidade Lusófona e Miguel Relvas mais não foram do que pioneiríssimos a gerar títulos de plástico. Como algumas Universidades estão à míngua de euros, bem pode ser que com esta medida se venha a remediar a sua liquidez. Sabendo-se da vertigem nacional pela doutorice… vai ser um vê se te avias...
                2 No âmbito de Guimarães – Capital Europeia da Cultura 2012, A Guarda Nacional Republicana participou no teatro de rua “O Funeral de Portugal”. Na peça, os militares escoltaram um caixão com a forma do mapa de Portugal continental, simbolizando o enterro do país. É no mínimo irónico que, desde sempre, a gente de Guimarães, que tanto reivindica para a cidade o berço da nacionalidade, tenha agora tolerado nas suas ruas uma palhaçada deste calibre. Toda a gente sabe que tudo aquilo não passou dum simulacro da realidade. Mas há limites, mesmo para a brincadeira. O país está doente, mas já superou crises bem piores do que a actual, como atestam os seus quase nove séculos de história. Não é a patetice ideológica de meia dúzia de pretensos iluminados vanguardistas que matará o orgulho de séculos de um povo inteiro. Mas terem carpido o país com a GNR fardada, equipada, armada a preceito foi enlamear todos os seus profissionais. A GNR não pode de modo algum participar em palhaçadas deste género nem cair ingenuamente em ridículos como este. A quem também se fez o “funeral” foi ao Comandante Territorial de Braga da GNR, que foi afastado do cargo.
                3 Com o anúncio das novas medidas de austeridade, Passos Coelho conseguiu a inédita proeza de colocar todo o país e até alguns indefectíveis do partido a resmungar contra si. O país passa momentos conturbados e a grande maioria até caiu na realidade de que é preciso fazer austeridade, mas a ideia generalizada é que a Troika está a fazer de Portugal um laboratório de experiências nunca testadas em parte alguma. Por outro lado, os Socialistas, tão ou mais responsáveis quanto estes, pois foram eles quem convidaram a Troika a pôr ordem na casa, parecem mais interessados em cavalgar a onda das contestações, para capitalizar momentâneas simpatias, sabendo que se lá estivessem a receita era a mesma, do que apresentar alternativas credíveis. O Primeiro-Ministro faz lembrar aquele inglês cujo cavalo trotava muito bem, era muito pacífico, obediente, respeitador, mas que tinha um pequeno defeito: comia demasiado. Vai daí, começa todos os dias a cortar na ração para o pôr na linha. De início as coisas até nem estavam a correr mal. O cavalo obedecia, até começou a ficar mais elegante. No entanto, deixou de ser tão pacífico, tão obediente, tão respeitador. E quando o cavalo estava a chegar ao ponto ideal morreu... Com os portugueses, bem pode acontecer o mesmo.

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