domingo, 20 de outubro de 2013

FLASHBACK

Bagatelas da quinzena 
   
Os casos “Swap” e BPN têm marcado a agenda política nacional. E como em tudo, o que é demais aborrece. Inicialmente, a ideia da maioria de desencovar os “Swap” era para servirem de arma de arremesso, de acerto de contas com o governo anterior. Mas quem acabou por se ver enredado na sua própria teia conspirativa foi o Governo, através da figura da actual Ministra das Finanças. Virou-se, assim, o feitiço contra o feiticeiro. E como se o assunto não chegasse para atrapalhar Passos Coelho, eis que está de volta o famigerado BPN e pela mão do actual Ministro dos Negócios Estrangeiros. Com o BE a morder-lhe acintemente as canelas, acusando Rui Machete de ter mentido ao Parlamento, o visado lá teve de vir à praça pública explicar o incompreensível. Em comunicado chegado à imprensa, para o Ministro, tudo não passou de uma “incorrecção factual”. Já se tinha ouvido e lido a palavra “ inverdade” e outras de igual semântica a assear a vergonha da palavra “mentira”. Mas “incorrecção factual” é a primeira vez. Com estes patuscos políticos está-se sempre a aprender….
                Como não são estúpidos, nem dão ouvidos às apreciações depreciativas que no exterior fazem a Angela Merkel, os alemães elegeram-na para mais um mandato governativo. Assim, lá vai continuar como chanceler, dirigindo a Alemanha de modo muito pragmático por mais quatro anos. E foi por pouco que não conseguiu a maioria absoluta, o que seria um marco histórico nas eleições alemãs. A Alemanha sempre soube renascer das próprias cinzas, enquanto outros, nos quais nos incluímos, sempre fizeram do cinzentismo a sua essência. Por cá, ficou muita gente de beiço caído. Mas quem ficou deveras ressabiado foi Mário Soares. De forma pouco atinada, o ex-líder do PS afirmou que a chanceler não ganhou as eleições porque “não foi maioritária”. Ora nem mais! Assim sendo, para Mário Soares só se ganham eleições quando se tem maioria. A patada não é mais do que inócua, no entanto fica o aviso para António José Seguro.

As Eleições Autárquicas tiveram o seu lado “sui generis”. De início, deu logo para perceber que as eleições seriam mais legislativas do que autárquicas. Até porque o apagão mediático às candidaturas locais, por parte das televisões, contrastou com os flashes jornalísticos oferecidos aos dirigentes nacionais que, aproveitando a boleia do folclore local, fartaram-se de desancar no Governo, impedindo deste modo os candidatos autárquicos de ter pronúncia política própria. Tivemos como assunto de rua o requentado espectáculo daquilo que tem sido o martelar dos lugar-comums dos debates parlamentares. Fizeram destas eleições locais um teste à governação PSD/CDS, mas cujo alcance político imediato será nulo. Feitas as contas, gastou-se no carnaval, a bem da democracia, cerca de 10 milhões de euros. Foi quanto o festim despendeu na gritaria dos megafones, nas coloridas palas dos barretes, nos toscos cartazes das rotundas e na vara de porcos bísaros assados no espeto. Winston Churchill disse que “a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos”. Apesar dos defeitos, ainda não se encontrou sistema político melhor. Mas que a democracia é uma longa e penosa paciência, lá isso é. Ter de aturar tanta demagogia, manipulação e hipocrisia é missão quase sobre-humana.

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