FLASHBACK
Bagatelas da quinzena
Os casos “Swap” e BPN têm marcado a agenda
política nacional. E como em tudo, o que é demais aborrece. Inicialmente, a
ideia da maioria de desencovar os “Swap” era para servirem de arma de
arremesso, de acerto de contas com o governo anterior. Mas quem acabou por se
ver enredado na sua própria teia conspirativa foi o Governo, através da figura
da actual Ministra das Finanças. Virou-se, assim, o feitiço contra o
feiticeiro. E como se o assunto não chegasse para atrapalhar Passos Coelho, eis
que está de volta o famigerado BPN e pela mão do actual Ministro dos Negócios
Estrangeiros. Com o BE a morder-lhe acintemente as canelas, acusando Rui
Machete de ter mentido ao Parlamento, o visado lá teve de vir à praça pública
explicar o incompreensível. Em comunicado chegado à imprensa, para o Ministro,
tudo não passou de uma “incorrecção factual”. Já se tinha ouvido e lido a
palavra “ inverdade” e outras de igual semântica a assear a vergonha da palavra
“mentira”. Mas “incorrecção factual” é a primeira vez. Com estes patuscos
políticos está-se sempre a aprender….
Como não são estúpidos, nem
dão ouvidos às apreciações depreciativas que no exterior fazem a Angela Merkel,
os alemães elegeram-na para mais um mandato governativo. Assim, lá vai
continuar como chanceler, dirigindo a Alemanha de modo muito pragmático por
mais quatro anos. E foi por pouco que não conseguiu a maioria absoluta, o que
seria um marco histórico nas eleições alemãs. A Alemanha sempre soube renascer
das próprias cinzas, enquanto outros, nos quais nos incluímos, sempre fizeram
do cinzentismo a sua essência. Por cá, ficou muita gente de beiço caído. Mas
quem ficou deveras ressabiado foi Mário Soares. De forma pouco atinada, o
ex-líder do PS afirmou que a chanceler não ganhou as eleições porque “não foi
maioritária”. Ora nem mais! Assim sendo, para Mário Soares só se ganham
eleições quando se tem maioria. A patada não é mais do que inócua, no entanto
fica o aviso para António José Seguro.
As Eleições Autárquicas tiveram
o seu lado “sui generis”. De início, deu logo para perceber que as eleições
seriam mais legislativas do que autárquicas. Até porque o apagão mediático às
candidaturas locais, por parte das televisões, contrastou com os flashes
jornalísticos oferecidos aos dirigentes nacionais que, aproveitando a boleia do
folclore local, fartaram-se de desancar no Governo, impedindo deste modo os
candidatos autárquicos de ter pronúncia política própria. Tivemos como assunto
de rua o requentado espectáculo daquilo que tem sido o martelar dos
lugar-comums dos debates parlamentares. Fizeram destas eleições locais um teste
à governação PSD/CDS, mas cujo alcance político imediato será nulo. Feitas as
contas, gastou-se no carnaval, a bem da democracia, cerca de 10 milhões de
euros. Foi quanto o festim despendeu na gritaria dos megafones, nas coloridas
palas dos barretes, nos toscos cartazes das rotundas e na vara de porcos
bísaros assados no espeto. Winston Churchill disse que “a democracia é a pior
forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de
tempos em tempos”. Apesar dos defeitos, ainda não se encontrou sistema político
melhor. Mas que a democracia é uma longa e penosa paciência, lá isso é. Ter de
aturar tanta demagogia, manipulação e hipocrisia é missão quase sobre-humana.
Sem comentários:
Enviar um comentário