Quando se corta em
coisas de pouca monta, há sempre uns manga-de-alpacas dizendo que são migalhas,
que nada contam no enorme bolo do Orçamento de Estado. No entanto, como diz o
povo, migalhas são pão. Soube-se agora que a Assembleia da República viu o seu
orçamento para 2013 aumentado em 56%, reforço que se destina às próximas
eleições autárquicas. Toda a gente compreende que a democracia é cara e as
mordomias, para quem está no poder, muitas. Só parlamentos são três! Câmaras,
imensas! Juntas de Freguesia, demasiado. Convenhamos que, para um país tão
pequeno, é muita parra e pouca uva! Depois, está-se mesmo a ver que o dinheirinho
do tal reforço vai ser esbanjado em inestéticos cartazes de rua, em papelada que
ninguém lê e em esferográficas para deitar ao lixo. Para além disto, a
Associação de ex-Deputados e o Grupo Desportivo Parlamentar vão continuar a
receber 57 mil euros para uns torneios de golfe na Quinta de Marinha e, talvez,
uns torneios de futebol de salão. Para quem leva uma vida tão sedentária, bem
preciso é algum exercício físico para que não ganhem calo como os macacos. E 57
mil euros são migalhas do grande bolo que não matariam a fome a ninguém!
O Grupo Parlamentar do PS também
resolveu investir mais uns trocos dos contribuintes renovando a sua frota
automóvel. Dizem que foi para poupar! Tudo bem! Mas em vez de marcas de luxo,
por que não os tais Clios de que
falava o deputado Francisco Assis? Não lhes caíam os parentes na lama! Os
deputados dos países nórdicos até andam nos transportes públicos! E o
Presidente da República do Uruguai continua a andar no VW Carocha! Mas gente
fina é outra loiça! Com rabiotes de cristal, bem merecem os deputados da nação umas
macias almofadilhas que lhes elevem a condição de servidores do povo.
A crise aperta, a
austeridade aumenta, ninguém parece escapar ao tsunami económico e financeiro que o país atravessa. Primeiro foi
Cavaco Silva e as suas reformas: “tudo somado, é capaz de não dar para pagar as
despesas”, dixit. Grande nóia! Mas agora,
foi a vez do ex-Secretário de Estado e actual deputado socialista Paulo Campos
referir que vive mensalmente com a ajuda financeira dos pais. É um choradinho
que devia envergonhar o seu autor. Sabendo-se dos milhares de desempregados
jovens e menos jovens que diariamente desesperam em busca de trabalho, da
quantidade imensa de gente idosa que vive com reformas de penúria e tantos
outros que desalentam em busca de pão, como é possível um senhor deputado vir
choramingar para a praça pública a sua austeridade? Para prover casos como
este, deve a Assembleia da República criar uma subvenção de caridade política em
nome da justíssima dignidade de tão ilustres parlamentares.
Lusófona, Relvas e C.ª bem podia ser o nome de uma firma de tramóias
e alçapões. Contrariando a anedota que corre, dizendo que Relvas era o único
aluno da sua turma, veio a saber-se que afinal tinha 89 condiscípulos. Até foi
uma turma razoável... A instituição deu creditações profissionais em número
suficiente para se obter o grau de licenciatura em um só ano! É obra! Como
cheirou a esturro, segundo o Ministério da Educação, os rapazolas em causa, terão
de agarrar as sebentas, se é que alguma vez o fizeram, regressar aos bancos da
escola para queimarem as pestanas. Que grande chatice!