terça-feira, 30 de outubro de 2012




Bagatelas da quinzena    

 Quando se corta em coisas de pouca monta, há sempre uns manga-de-alpacas dizendo que são migalhas, que nada contam no enorme bolo do Orçamento de Estado. No entanto, como diz o povo, migalhas são pão. Soube-se agora que a Assembleia da República viu o seu orçamento para 2013 aumentado em 56%, reforço que se destina às próximas eleições autárquicas. Toda a gente compreende que a democracia é cara e as mordomias, para quem está no poder, muitas. Só parlamentos são três! Câmaras, imensas! Juntas de Freguesia, demasiado. Convenhamos que, para um país tão pequeno, é muita parra e pouca uva! Depois, está-se mesmo a ver que o dinheirinho do tal reforço vai ser esbanjado em inestéticos cartazes de rua, em papelada que ninguém lê e em esferográficas para deitar ao lixo. Para além disto, a Associação de ex-Deputados e o Grupo Desportivo Parlamentar vão continuar a receber 57 mil euros para uns torneios de golfe na Quinta de Marinha e, talvez, uns torneios de futebol de salão. Para quem leva uma vida tão sedentária, bem preciso é algum exercício físico para que não ganhem calo como os macacos. E 57 mil euros são migalhas do grande bolo que não matariam a fome a ninguém!
                O Grupo Parlamentar do PS também resolveu investir mais uns trocos dos contribuintes renovando a sua frota automóvel. Dizem que foi para poupar! Tudo bem! Mas em vez de marcas de luxo, por que não os tais Clios de que falava o deputado Francisco Assis? Não lhes caíam os parentes na lama! Os deputados dos países nórdicos até andam nos transportes públicos! E o Presidente da República do Uruguai continua a andar no VW Carocha! Mas gente fina é outra loiça! Com rabiotes de cristal, bem merecem os deputados da nação umas macias almofadilhas que lhes elevem a condição de servidores do povo.
                A crise aperta, a austeridade aumenta, ninguém parece escapar ao tsunami económico e financeiro que o país atravessa. Primeiro foi Cavaco Silva e as suas reformas: “tudo somado, é capaz de não dar para pagar as despesas”, dixit. Grande nóia! Mas agora, foi a vez do ex-Secretário de Estado e actual deputado socialista Paulo Campos referir que vive mensalmente com a ajuda financeira dos pais. É um choradinho que devia envergonhar o seu autor. Sabendo-se dos milhares de desempregados jovens e menos jovens que diariamente desesperam em busca de trabalho, da quantidade imensa de gente idosa que vive com reformas de penúria e tantos outros que desalentam em busca de pão, como é possível um senhor deputado vir choramingar para a praça pública a sua austeridade? Para prover casos como este, deve a Assembleia da República criar uma subvenção de caridade política em nome da justíssima dignidade de tão ilustres parlamentares.
                Lusófona, Relvas e C.ª bem podia ser o nome de uma firma de tramóias e alçapões. Contrariando a anedota que corre, dizendo que Relvas era o único aluno da sua turma, veio a saber-se que afinal tinha 89 condiscípulos. Até foi uma turma razoável... A instituição deu creditações profissionais em número suficiente para se obter o grau de licenciatura em um só ano! É obra! Como cheirou a esturro, segundo o Ministério da Educação, os rapazolas em causa, terão de agarrar as sebentas, se é que alguma vez o fizeram, regressar aos bancos da escola para queimarem as pestanas. Que grande chatice!

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