quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013


Bagatelas da quinzena    

A dança dos Antónios (Seguro e Costa) marcou a agenda política do PS dos últimos dias. Ao surfar a onda contestatária a Seguro, António Costa rapidamente deu à praia, sem honra nem glória. No Largo do Rato, fez entrada de leão, mas saída de sendeiro, um pouco com o rabo no meio das pernas. Fez lembrar o valente do agarrem-me ou dou cabo dele. E a ideia que salta para a opinião pública é que tudo não passou de disparos de pólvora seca. Enfim, tanto barulho por um naco de nada, pelo menos para já. Porque, ao que consta, alguns dos mais obstinados socráticos ficaram desapontados com o comportamento do alcaide de Lisboa, pois o que desejavam era ver Seguro fora dos próximos combates eleitorais. Saiu-lhes o tiro pela culatra, com se costuma dizer. Será que, ao menos, conseguem reabilitar o passado de José Sócrates para o apresentarem como candidato do PS à Presidência da República? Muito dificilmente, embora a memória dos eleitores seja curta.
                PSD e CDS fizeram aprovar no Parlamento uma resolução que recomenda ao Governo a promoção de um programa televisivo sobre Agricultura e Mar. A ideia até nem é descabida de todo, pelo contrário. No entanto, a oposição, em coro, levantou-se para dizer que era mais um acto de ingerência na programação da RTP. Enfim, para certa gente, sugestões são ingerências! É o bota-abaixo pelo bota-abaixo! Aliás, as catilinárias são a prática constante de uma certa oposição que não tem mais nada para oferecer ao país. Muitos ainda hoje se lembram do TV Rural de Sousa Veloso, que encantava toda a gente, mesmo aqueles a quem a agricultura nada dizia. Com muita juventude, de momento, a apostar na terra como meio de superar a crise de emprego, também é a altura do serviço público de televisão mostrar o que de melhor se faz na agricultura e nas pescas. Pedagogicamente, até pode servir de leitmotiv para novas oportunidades.
Na discussão de ninharias, é fértil a oposição. De tiros nos pés, o Governo. A nomeação de Franquelim Alves, para secretário de Estado, é mais um exemplo. E aqui, todos estiveram mal. Quem o escolheu, porque ao nariz dos portugueses, tudo o que cheire a BPN fede. Depois, porque as oposições transformaram o episódio no saco do boxe político, como se mais nada houvesse no Parlamento para tratar. Então a bicefalia do BE gastou os tiros todos na caça ao homem, com destaque para as catilinárias constantes da Catarina. Mas o pior ainda estava para vir. Alguém, dentro do Governo, querendo ser mais papista do que o papa, resolveu emendar no curriculum do secretário de Estado a referência à Sociedade Lusa de Negócios, onde estivera como administrador, fazendo do povo um bando de parvos. Como foi possível esta trapalhada! Até um aprendiz de sapateiro remendava melhor.
                A resignação de Sua Santidade Bento XVI apanhou de surpresa toda a cristandade, é um facto. Mas esta renúncia, toda ela, está carregada de pedagogia. Certamente, foi uma atitude bem meditada, muito racional, mas dolorosa para o Papa. A tradição, desde há séculos, é o Sumo Pontífice resistir até ao dobrar do tempo, até ao choro dos sinos. Mas este acto eloquente carrega muita doutrina: desapego das coisas e dos lugares; humildade e humanidade. Há um tempo para tudo. Foi muito digno saber sair, percebendo a fragilidade da vida, para não forçar os limites da existência.

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