quinta-feira, 2 de junho de 2011

Flashback

FLASHBACK
Bagatelas da quinzena

                Foi notícia que os humanos começaram a controlar o fogo apenas há 400 mil anos, ao contrário dos 1,6 milhões de anos que se pensava. O fogo foi importantíssimo no processo da hominização, ao ponto de encaminhar o homem para grandes alterações psicossomáticas, religiosas, comportamentais e sociais. O fogo tanto é bem como mal. Tanto brilha no Paraíso com arde no Inferno. Tanto é prazer, como castiga qualquer desobediência a quem com ele brinca.
                Não é sem sentido o aforismo popular de que “quem brinca com o fogo queima-se”. Foi o que aconteceu ao nosso Prometeu que tanto brincou com o fogo da verdade e da mentira que foi punido. Agora, as águias da oposição vão-lhe devorando os fígados até às próximas eleições, lá para o verão.
                Também foi destaque a celebração do Dia Mundial do Sono. Referiu-se que 12% dos portugueses já adormeceram ao volante, sendo a sonolência causa de muitos acidentes rodoviários. Que os portugueses são muito dorminhocos e que até nestes últimos seis anos quase atingiram colectivamente o coma profundo, isso é uma verdade insofismável. No entanto, a manifestação que aconteceu no dia 12 de Março parece ser sintoma da saída da letargia em que estiveram mergulhados. Avós, filhos e netos encheram pacificamente as praças e avenidas das cidades para mostrar aos senhores do poder instalado que este não é o melhor caminho a seguir por quem está à rasca.
                O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos veio estes dias dar razão à Itália ao autorizar a presença de crucifixos nas salas de aula das escolas públicas, depois de uma queixa feita por uma mãe italiana. Segundo o TEDH, compete a cada estado membro legislar sobre o assunto. Ao menos nesta temática, não somos formatados pelas directivas europeias. Por cá, em tempos, também se esboçou um movimento sinistro, que se esfumou, no sentido de arredar todos os símbolos religiosos dos espaços públicos. Toda a gente sabe que os Estados devem ser aconfessionais, mas não querer aceitar o papel do cristianismo na modelação da Europa é cegueira e ignorância primárias.
                A maior lua cheia das duas últimas décadas aconteceu na noite de sábado do passado dia 19 de Março. Com o perigeu lunar, tivemos uma lua 14% maior e uma luminosidade 30% maior. Para além de satélite da Terra, a Lua como astro por excelência da noite, também é símbolo dos ritmos biológicos e do tempo que passa. Com as suas quatro fases, simboliza a transformação e a renovação. Premonitória, ela trouxe consigo, neste perigeu, um novo e desejado ciclo político para o país.   
                Para terminar, foi parangona em capa de jornais a indemnização que Armando Vara recebeu do BCP pela sua saída da gestão executiva do banco. Mais de meio milhão de euros sem ter trabalhado! É obra! Depois querem que o povo entenda porque é que os bancos não pagam mais impostos ao Estado! Pudera. Se o distribuem desta maneira a alguns apaniguados, como há-de sobrar para impostos?! Mas o caso deste senhor é o paradigma do carreirismo e oportunismo políticos. Do cinzentismo bragançano rapidamente saltou para o estrelato político lisboeta. E daí a ministeriável foi um pulinho. Depois das embrulhadas em que se viu envolvido no governo de Guterres, frequentou a célebre Universidade Independente e, de simples caixa bancário, saltou para a cadeira de banqueiro. Divinal! Faz jus ao nome que tem, porque na arte do salto à vara político não há campeão olímpico que lhe possa pedir meças. 
in Jornal de Vieira

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