quinta-feira, 2 de junho de 2011

Flashback

FLASHBACK
Bagatelas da quinzena
           
            Com a Troika fora de portas, temos vindo a assistir ao blá-blá-blá da campanha política, cujo ruído o povo parece já não ter pachorra nem tempo para ouvir.
            As sondagens que vão saindo nos jornais, à medida de todos os gostos, são bem reveladoras do divórcio que existe entre a classe política e os cidadãos. Se umas dão a vitória ao PSD, se outras ao PS e ainda outras apontam para o empate técnico, há uma percentagem que salta aos olhos, mais ou menos idêntica em todas elas, que é o número elevado de eleitores que não responde ou se abstém e que se situa bem acima dos 40%. Este dado devia fazer clique nas cúpulas partidárias.
            Os homens da troika europeia estiveram cá e em tempo recorde diagnosticaram os males de que padecemos, coisa que nestes anos todos os partidos do dito centrão nunca tiveram coragem de fazer e pôr em prática. Damos jus ao complexo de que padecemos. Estamos sempre à espera do encoberto, uma espécie de D. Sebastião, o que vem de fora a realizar o milagre de Canã. Milagre que nos vai custar os olhos da cara, até porque a Europa da solidariedade e dos valores sociais não existe. A dimensão social desta velha Europa assenta somente no valor dos cifrões. Os nossos generosos amigos europeus, os do dinheiro, tratam bem da sua vidinha, de que é exemplo a taxa de juro de cerca de 6% que vamos pagar pelo empréstimo.
            Entrementes, Sócrates, artista em truques e alçapões, ainda teve tempo para aparecer numa cena trágico-cómica a anunciar ao País o que o acordo não contemplava. É mesmo o master-chef da culinária política! No meio daquela lista de benesses, só lhe faltou garantir que o solstício de verão estava garantido e que o título de campeão nacional seria para o F.C. do Porto. O PM entrou-nos em casa, à hora do jantar, no papel de herói da fita e deixou para o ministro das finanças o de carrasco. Feitios! Aliás, é um homem de certezas. Disse que não governaria com as imposições do FMI, mas já deu o dito por não dito, truque a que já estamos habituados.
            Na franja da esquerda, Jerónimo e Louçã dizem ter a solução do país na manga, sem o FMI. Foi pena ter vindo a Troika! Tínhamos a resolução intra muros. O PCP fala de uma solução patriótica de esquerda, presume-se com o BE e os Verdes, mas é coisa que nesta democracia burguesa percentualmente não colhe. Será que estão a contar com a ajuda dos Gnomos escandinavos, esses sim generosos europeus, mas que habitam lugares reservados num mundo paralelo ao nosso?
in Jornal de Vieira

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